Adesão de trabalhadores consulares mostra que as pessoas estão "cada vez pior"
Rosa Teixeira Ribeiro, secretária da comissão executiva do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCDE), disse à Lusa estimar uma adesão à greve de cerca de 80 por cento dos trabalhadores em França, o que considera "um sucesso completo", mas também sinal de que "as pessoas estão realmente mal".
"Por um lado, estamos satisfeitos com esta adesão. Por outro lado, é a prova de que vivemos uma situação muito próxima da pobreza, e de que as pessoas estão cada vez pior", afirmou.
Em França, além do consulado-geral de Paris, encerraram ainda os postos de Marselha, Rouen, Orleães, Tours e Estrasburgo, segundo informações sindicais.
Cerca de uma dezena de trabalhadores concentrou-se durante toda a manhã à porta do consulado-geral de Portugal em Paris. " tarde, os funcionários portugueses vão integrar a manifestação que se realiza em França, onde também está marcada uma greve geral.
Rosa Teixeira Ribeiro explicou ainda que, além de apoiarem a greve geral, os funcionários consulares e das missões diplomáticas têm razões específicas para sair à rua.
"Nós somos funcionários ao serviço do Estado português e estamos a sofrer o que se está a viver em Portugal, com a agravante de não nos ser reconhecido que estamos no estrangeiro. Estamos a ter aumento de impostos absolutamente desproporcionados", afirmou.
Além disso, acrescentou, Portugal conhece nesta altura "um fluxo migratório extremamente importante", enquanto nos postos consulares "cada vez há menos funcionários". Vive-se, diz, uma "pressão terrível no trabalho do dia-a-dia".
Uma delegação da organização do Partido Comunista Português (PCP) em França esteve também no local.
Em declarações à agência Lusa, Nuno Gomes Garcia, dirigente do PCP França, afirmou que este protesto "tenta contrariar os ataques do Governo contra os trabalhadores".
No caso concreto de Paris, acrescentou, a greve ganha dimensão porque a cidade "é um ponto importante de chegada de emigrantes", que saem de Portugal em "consequência do empobrecimento [do país]".
O dirigente comunista chamou ainda a atenção para "o encerramento da rede consular que vem acontecendo nos últimos dez anos".
Os Governos anteriores, acrescentou, "não pensaram que a emigração voltasse a atingir os níveis atuais, mas a verdade é que atingiu". Hoje, alertou, "temos menos funcionários consulares [e] menos consulados-gerais, para uma emigração que atingiu os níveis de 1960-70".